Contos de Fadas que Resignificam vidas de Pacientes Cardíacos na UTI

  • Abílio Costa-Rosa
  • Erica Cristina Pereira

Resumen

 Este artigo tem como objetivo analisar e problematizar a experiência da inclusão de contadores de histórias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) num Hospital Geral público do interior paulista. Por meio dos contos de fadas espera-se possibilitar uma escuta analítica culminando na re-significação das vivências dos pacientes cardíacos na UTI.  Nossa hipótese é que, atuando no plano da fantasia, ou seja, do imaginário, os pacientes possam reduzir as ansiedades, elaborar as angústias e os lutos vividos nesse momento crítico, a partir da assimilação vivenciada dos conteúdos das histórias narradas. Com isso, propõe-se uma contribuição para a humanização do ambiente hospitalar, procurando acrescentar esforços, àquelas ações que, de dentro das práticas médicas, já procuram levar em conta a subjetividade dos indivíduos, como um importante componente em ação nos resultados das práticas de Saúde. Ao mesmo tempo analisamos a possibilidade de contribuir para a ampliação dos recursos de atuação do psicólogo na situação hospitalar. O objetivo da pesquisa é fazer uma análise e reflexão sobre os efeitos dessa prática de contar histórias, isto é, realizar a análise dessa intercessão e seus efeitos na situação concreta desses pacientes. Procura-se verificar como a narração de contos de fadas pôde ou não, nessas circunstâncias, auxiliar os pacientes cardíacos a darem sentido às experiências críticas vividas nesse momento. A metodologia psicanalítica fundamenta a reflexão, bem como a compreensão e análise do processo da intercessão e seus efeitos. Estes foram procurados em dois momentos: através das observações e da escuta dos sujeitos no momento da narração das histórias, e após a sua saída da UTI, através de entrevista oferecida ao indivíduo na qual ele podia falar sobre seu estado naquele momento e sobre a experiência vivida.  Os resultados indicam a pertinência da continuidade da intercessão-pesquisa nessa direção, tanto pelos benefícios aparentes para os pacientes e pelos efeitos de “humanização” do contexto hospitalar, quanto pela utilidade da narração de histórias e contos como mais um instrumento do psicólogo hospitalar nas circunstâncias específicas da UTI.

Publicado
2018-03-13
Sección
Artigos