Apontamentos sobre as práticas psicológicas desenvolvidas nas entidades assistenciais que atendem a crianças e adolescentes pobres
Resumen
Entendemos que a Psicologia, juntamente com a Pedagogia, faz parte
dos pressupostos que compõem o campo multidisciplinar que compreende a
ação socioeducativa das entidades assistenciais que atendem a crianças e a
adolescentes pobres, considerados em “situação pessoal e social de risco”. Que
tipos de práticas psicológicas poderiam ser encontradas nesses
estabelecimentos? Encontramos evidências de que a lógica menorista ainda em
vigor em muitas entidades assistenciais – que implementam formas
assistenciais predominantemente disciplinares e repressivas, correcionais e
modeladoras – prescinde da Psicologia como prática social transformadora.
Quando encontramos profissionais psicólogos nas entidades assistenciais, não é
incomum que eles desenvolvam ações extremamente tradicionais,
psicoterapêuticas, patologizantes do indivíduo e promotoras de ortopedia do
comportamento, podendo ser denominados de “técnicos da conduta”. Essa
psicologia não está alinhada com a perspectiva cidadã e emancipadora proposta
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, pautada na noção fundamental de
sujeito social de direitos.