A moldura em análise
Resumen
Considerando que nossa prática tem o intuito de desconstruir
estigmas e estereótipos socialmente produzidos e institucionalizados a partir
das normatividades de gênero e sexualidade, este trabalho propõe uma reflexão
em torno de duas questões que nos tem causado inquietações: o sigilo e a ética
relativamente ao atendimento dos pacientes que nos procuram. Isto porque, a
maioria dentre estes são LGBTs (lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e
transgênero), e que por estarem em situação de “guetificação” criada pela
homofobia e redimensionada pelo contexto de cidade do interior, estão sujeitos
a conviver e a se relacionar, o que facilita serem atendidos pelo mesmo projeto
de estágio ou terem amigos/as ou namorados/as neste. E é nessa configuração,
que o grupo encontra-se interpelado por dilemas éticos que se impõe à relação
terapêutica, forçando-o a se reposicionar a respeito da estética, isto é, da
“moldura” – setting; da política do tratamento, ou seja, da transferência; e da
ética e do sigilo, forçando estes conceitos ao limite.