A lógica neoliberal na saúde pública e suas repercussões para a saúde mental de trabalhadores de CAPS
Abstract
O presente artigo é fruto de pesquisa na qual se buscou investigar como a lógica neoliberal atual tem sido absorvida na saúde pública e suas repercussões para a saúde mental de trabalhadores. Para tal, optou-se pela utilização de metodologia qualitativa e foram realizadas entrevistas reflexivas em profundidade com profissionais de diferentes serviços de saúde de um município do interior de São Paulo. Aqui, são discutidos os resultados referentes, especificamente, aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – que são dispositivos substitutivos ao manicômio, destinados à atenção à saúde mental na rede SUS – tomando-se como base duas entrevistas reflexivas em profundidade. Os entrevistados revelaram que a precarização do trabalho nos CAPS pode ser identificada em vários aspectos: formas de contratação, número de horas trabalhadas, insuficiência dos equipamentos em relação à demanda do território, número de trabalhadores inferior ao necessário. A combinação desses elementos produz um desgaste que se soma àquele decorrente do próprio cuidado com usuários da saúde mental. As falas dos entrevistados indicam, ainda, que tal situação de precariedade no trabalho é vista por eles de forma fatalista, como uma situação inevitável, ainda que demonstrem compreender quais as mudanças possíveis no cenário atual.