Desamparo Psíquico Na Contemporaneidade
Abstract
O presente artigo se propõe a fazer uma reflexão teórica da
experiência de desamparo na atualidade, partindo da conceituação do
desamparo por Freud e confrontando com análises e reflexões de autores
contemporâneos sobre modelos de subjetivação que se despontam nos dias
atuais. O desamparo aparece, já nas primeiras experiências da vida, como
resultado da incompletude do organismo, de sua necessidade de realizar trocas
com o mundo e da extrema dependência da ajuda de outros. A cultura
contemporânea acentua o individualismo, por um lado, acenando com maiores
possibilidades de realização de desejos, por outro, tornando os vínculos e
relacionamentos efêmeros e tênues. Na ausência de um continente sólido,
seguro e estável para as experiências emocionais e afetivas surgem sentimentos
de desamparo que ativam mecanismos de defesas primitivos, contribuindo para
a acentuação de formas de subjetivação regressivas e para o declínio do
simbólico.