O desamparo como categoria afetiva fundamental do mal-estar na atualidade: um ensaio psicanalítico

Resumo

Este artigo consiste em um ensaio teórico psicanalítico, com o objetivo de caracterizar o desamparo como categoria afetiva fundamental do mal-estar na atualidade. Os resultados mostram que o desamparo precisa ser caracterizado como categoria afetiva da subjetividade humana, em três dimensões: objetiva, de natureza constitucional biológica; psíquica, de natureza psíquica singular e subjetiva; estrutural, de natureza ontológica e ética. Destacam-se dois eixos de discussão: (1) a importância do desamparo na gênese da subjetividade e sua relação com a violência; (2) as
modificações no laço social contemporâneo, que trazem o desamparo para o centro da dinâmica defensiva do aparelho psíquico, com uma tonalidade afetiva que se desloca do âmbito da castração e da culpa para a dor e o luto. Conclui-se que, para além das caracterizações do desamparo como condição e como estado, é preciso avançar na direção do manejo técnico e interventivo e, portanto, construir mais efetivamente uma clínica do desamparo.

Biografia do Autor

Érico Bruno Viana Campos, Universidade de São Paulo

Psicólogo graduado, mestre, doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Professor assistente da Faculdade de Ciências de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP - Bauru). 

Amanda Nunes da Silva, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Psicóloga graduada pela Faculdade de Ciências de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP - Bauru). 

Publicado
2020-10-15
Seção
Artigos