Clínica do consultório na rua
Atenção à população em situação de rua no centro da cidade de São Paulo
Resumo
Esse artigo apresenta a prática de duas equipes do Programa Consultório na Rua, que atende a população em situação de rua, no território do centro da cidade de São Paulo. Com essa prática, pretendemos investigar as dificuldades e inovações trazidas por esse fazer e problematizar a clínica que opera nesse contexto de desterritorialização. Realizamos uma cartografia, acompanhando os processos de trabalho desses profissionais e identificamos os saberes culturais e populares dos trabalhadores, assim como os aprendizados e conhecimentos adquiridos no cotidiano do trabalho. Ao mesmo tempo, nos aproximando da realidade do serviço, pudemos perceber a distância e diferenças entre a Portaria que define o Programa e o preparo das políticas. As separações da atenção em regiões administrativas, por exemplo, não levam em conta o território vivo que esses usuários habitam. A falta de formação, capacitação e cuidado aos trabalhadores acaba prejudicando sua atuação e atendimento. Os arranjos burocráticos, muitas vezes, podem nos distanciar da clínica. Concluímos que é necessário fortalecer a clínica da rua, sendo necessário resgatar a potência criativa dos trabalhadores, dar mais voz a eles e incluí-los na construção das políticas, a fim de garantir também a saúde do trabalhador.