Afeto e conhecimento

analisando algumas transformações no trabalho contemporâneo

  • Leandro Herkert Fazzano
  • Sonia Regina Vargas Mansano

Resumo

O trabalho imaterial destaca-se na contemporaneidade como uma
atividade cujo produto final não se caracteriza necessariamente como um bem
palpável, tal qual um objeto propriamente dito, mas sim, como prestação de
serviço, comunicação, entretenimento ou cultura. Para isso, são exigidas
dimensões subjetivas que outrora eram praticamente disfuncionais no universo
laboral, como a cognição, os afetos e as relações sociais. Todavia, ao valer-se
de tais elementos, o trabalhador insere-se em um ciclo de afetação constante,
pois a separação entre tempo de trabalho e vida privada encontra-se turva. Ao
mesmo tempo, é exigido do trabalhador que não expresse parte de seus afetos
durante a jornada de atividades, objetivando, com isso, manter o corpo em uma
linearidade afetiva, sempre pronta a acolher os clientes. Os efeitos dessa
exigência podem ser encontrados na proliferação de psicopatologias como
transtorno do pânico e o estresse, demonstrando assim, o padecimento do corpo
do trabalhador na contemporaneidade.

Publicado
2017-09-23
Seção
Artigos