O trabalho como dispositivo de atenção em saúde mental:

trajetória histórica e reflexões sobre sua atual utilização

  • Eneida Santiago
  • Silvio Yasui

Resumo

A parceria entre Saúde Mental (SM) e Trabalho está presente em toda
história da psiquiatria. A sociedade capitalista utilizou e utiliza a aptidão ou
inaptidão para o trabalho não apenas como um dos elementos para a definição
de “normalidade”, mas, também, como estratégia de tratamento. Nesta
perspectiva, pode-se encontrar uma posição curativa e, mais recentemente, uma
proposta diferenciada defendida pela Reforma Psiquiátrica que considera, além
do fazer/produzir, a construção de significação no trabalho como crucial para a
subjetividade. Este sentido está presente nas oficinas terapêuticas que buscam
valorizar a singularidade, ao não anular as diferenças. O objetivo deste trabalho
é o de refletir sobre a relação entre Atenção em SM/Trabalho. Inicialmente
apresenta-se três teses, a partir das quais esta relação se constrói
históricamente: 1 – O Trabalho como instrumento de evitar a ociosidade
retornando à sociedade de forma produtiva; 2 – O Trabalho como prática
curativa, a partir da prescrição médica; e 3 – O Trabalho como estratégia de
cuidado e inserção social. A seguir, discute-se algumas questões sobre oficinas
terapêuticas e de geração de renda na atenção em saúde mental como
dispositivo de atenção e de inclusão social.

Publicado
2017-09-23
Seção
Artigos