Tensões e desafios: lgbts e o poder público?

  • Paulo Reis dos Santos

Resumo

Abandono, medo, agressividade, ameaça, antipatia, chantagem,
ciúmes, cólera, companheirismo, comprometimento, covardia, segredo,
desconfiança, desemprego, discriminação, doença, evasão escolar,
espancamentos, falta de moradia, fobias, furor, herança, intimidação, ira,
miséria, moralismo, ódio, ojeriza, pânico, raiva, receio, reconhecimento,
rejeição, religiosidade, repugnância, simpatia, temor. Esses são alguns dos
sentimentos e ações que pontuam a existência cotidiana de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais. Eles são o resultado da prática discursiva do
dispositivo do poder que coloca e legitima a heterossexualidade como a única
possibilidade afetivo-sexual para os humanos. Ofertando assistência social,
assessoria jurídica e apoio psicológico aos lgbts, o Centro de Referência de
assistência Social para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da
Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social da Prefeitura Municipal
de Campinas, interior do Estado de São Paulo, é um serviço paradigmático
desta nova modalidade de gerenciamento das relações sociais focadas na luta
contra homofobia e na construção de uma sociedade capaz de acolher suas
diferenças e disseminar uma cultura da paz. Assim, neste texto busco, a partir
da capilaridade do poder e suas micro-relações, focando na experiência
cotidiana de mais de 6 anos de existência do CREAS - LGBT, problematizar as
(im)possibilidades de reversão do quadro de desamparo e exclusão social a que
estão relegados os lgbts campineiros.

Publicado
2017-09-21
Seção
Artigos